9.10.12

Me desafiando "en pointe"



"Balé depois de velha?", "Menina, mas tu inventa moda!", "Quer se arrebentar de vez?" - Essas são só algumas das frases que ouço toda vez que falo pra alguém que entrei na aula de balé para adultos. Mas eu não me ofendo, nem condeno quem fala, pois antes mesmo de decidir por me matricular, todas elas passaram pela minha cabeça. Pra que pessoa mais crítica comigo do que eu mesma? Pra que coisa mais ridícula que uma "velha" de 30 anos fazendo plié de collant e meia rosinha? Na minha cabeça preconceituosa balé era esporte (?) para crianças e exclusivo daquelas longilíneas. Criança gordinha não tinha vez. 

Quando cheguei na aula experimental vi que as crianças longílineas se tornaram mulheres entre 20 e 30 anos, algumas altas e magras como no meu ideário de bailarina, mas a maioria era "gente como a gente" - baixinhas, gordinhas, pernas grossas, etc - e até respirei aliviada. Algumas meninas já faziam aula mais tempo e demonstravam mais familiaridade com os termos técnicos, enquanto outras como eu pareciam estar ouvindo grego quando o professor dava as instruções para as próximas seqüências. Sim, a maioria dos movimentos do balé são conhecidos por seus nomes em francês. Sim, eu já fiz aula de francês. Não, eu não sabia o que era plié, battement tendu, arabesque ou port de bras. Mas o bom da aula de balé é que você repete tanto cada movimento que termina memorizando esses nomes. 

Por falar em memória, essa é uma habilidade requisitada na aula, pois os movimentos são passados em uma seqüência que deve ser executada de forma contínua. O professor escolhe uma aluna para demonstrar os movimentos enquanto as outras alunas assistem tentando memorizar a seqüência em que eles são feitos. Pra quem não tem boa memória, sempre existe o espelho e a aluna ao lado para dar uma copiadinha. Mas eu tenho me esforçado para lembrar - é um bom exercício para quem hoje em dia não precisa memorizar nada, pois todas as informações estão acessíveis a um toque do celular. Vocês lembram de quando a gente decorava os telefones dos nossos amigos? 

Outra habilidade muito requisitada, talvez a mais requisitada de todas, é a contração constante dos músculos. Isso arde. A sensação é que panturrilha, coxa, bumbum estão queimando. E não pode gritar, nem fazer careta. Tem que fazer cara de bonita, manter costas eretas, peito aberto, abdômen contraído e pescoço alongado. Haja controle físico e psicológico. Mas quando me olho no espelho com uma postura tão diferente daquela usual com os ombros caídos e costas relaxadas, eu fico toda orgulhosa "me achando". Aí vem o professor, aperta meu bumbum e diz com voz aguda: "Contrai isso, menina!" -  concentrei tanto na postura que esqueci de manter a isometria dos músculos. Pfff....

As aula de balé tem sido assim; um desafio constante - tem que ser tudo ao mesmo tempo agora: lembrar a seqüência, contrair músculos, manter boa postura e ainda ter flexibilidade para dar amplitude aos movimentos.  Quando melhoro a postura, esqueço a contração; melhoro a amplitude, a postura tá péssima; contraio tudo, mas não consigo ficar assim nem por dez segundos...  Parece desanimador? Muito pelo contrário. Toda aula saio ansiosa pela próxima. 


12 comentários:

  1. Anônimo9.10.12

    Q linda!!!!
    Primeira coisa, velha com 30 anos???? Paracomisso!
    Segundo, balé é lindo e cansativo...não tem nada de brincadeira de criança! Fora q deve ser uma delícia se arrumar p/ aula: coque, meia calça, sapatilha...:-)
    bjão

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    1. É o povo que fica dizendo que eu to velha... haha Mas eu tb acho isso uma injúria!! Não troco meus 30 pelo meus 20 jamais!! Tá muito melhor agora :)

      O balé é a coisa mais lindinha, fico parecendo uma mocinha de cor de rosa, vou ainda fazer um post com fotos da aula! hehe

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  2. Hummm, que chique Aline.
    Como tu estais heim... Adorei a notícia. Só não entendi boa parte dos nomes das sequências, mas sei que você logo logo vai ficar fera!!
    Depois posta uma foto sua em dia de aula...
    beijinho
    Helena
    correndodebemcomavida.blogspot.com
    @correndodebem

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    1. Helena, eu fico me sentindo a própria ana botafogo quando visto a roupinha da aula... haha Quando eu estiver mais habilidosa, vou postar umas fotos da aula!!! Um bjão!!

      ps. Vou pra praia no feriadoooo! Tô feliz :D

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Aline, eu adoro suas empreitadas, até me sinto estimulada também. Ontem comecei o sapateado e há 1 mês entrei num clube da corrida. Tudo fluindo aos 33 :) Sucesso para a gente!

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    1. Maíra,os 30 são os novos 20? haha Eu vi no face que tu entrou no sapateado, mas essa novidade do clube da corrida eu não sabia!!! Que notícia ótimaaaa!!! Qualquer dia desses vou correr contigo aí em Aracaju!!! Um bjooooo!!

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  5. Aline,
    Adorei! Dançava muito quando mais nova, cheguei até fazer algumas aulinhas de balé, mais velha sempre quis voltar mas achava que era coisa de criança. Te admiro por estar se desafiando e encarando coisas novas
    Super beijos

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    1. Volta, Ju! Eu to adorando!! Minha turma tem umas 20 mulheres... nunca imaginei que tivesse tanto adulto afim de dançar!! :)

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  6. Nossa, nunca pensei em fazer balé, mas sempre achei lindo e elegante!

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    1. É muito elegante mesmo, até nas aulas existe toda uma etiqueta a ser respeitada. Nada de ir de cabelo solto, só pode ir de coque :)

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  7. Cybelle10.10.12

    Que relato bonito, amiga. Também tô sofrendo pra manter o quadril encaixado, a coluna esticada e os joelhos alongados. E não há nada melhor pra exercitar a humildade: sempre que tô contente com a minha postura e flexibilidade, o professor aparece, cumprindo a função de exigir que a gente vá além. E é isso que vou buscar hoje... Te vejo mais tarde! ;*

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